EFEITO DO FOTOPERÍODO NO CICLO BIOLÓGICO DE DIATRAEA SACCHARALIS1 J.R.P. PARRA2 . A.B.P. MELO3 , B.P, MAGAL.HÃES4,S. SILVEIRA NETO 2 e P.S.M. BOTELHO5 RESUMO - A pesquisa foi desenvolvida em sala com temperatura no controlada e constou de duas etapas, a primeira realizada em um período mais frio (ff1 23,3 0C) e a segunda, num período com temperaturas mais elevadas ( 26,4°C). As observações foram conduzidas em equipamento desenvolvido no Departamento de Entomologia da Escola Superior de Agricultura Lula de Queiroz, sendo estudada a influência dos seguintes tratamentos, em horas (luz : escuro): O :24; 6 :18; 12 22; 14:10; 18:6 e 24:0. As lagartas de Diatraea saccharalis, (E.,1794), em número de duas por tubo de criaçio, foram mantidas em dietâ artificial, num total do 100 lagartas por tratamento. Houve interação da temperatura e fotoperíodo, principalmente nas temperaturas mais baixas. Assim, na primeira etapa da pesquisa, o menor período larval foi registrado no tratamento 24:0, enquanto que na segunda etapa, o mais curto período ocorreu com 12 horas de luz. Em ambas as situações, as pupas mais leves e a maior percentagem de det'ormaçfo dt adultos foram obtidas com 24 horas de luz, sendo as pupas mais pesadas registradas nos tratamentos 0:24 e 12:12. Por outro lado, as menores deformações de adultos foram encontradas com 18 e 12 horas de luz, conforme o laboratório apresentasse, respectivamente, menores ou maiores temperaturas. Termos para indexaçfo: broca-da-cana-de-açúcar, bioecologia, Pyralidae. EFFECT OF PHOTOPE RIOD ON THE LIFE CYCLE OF DIATRAEA SACCHAIRALIS A6STRACT - This work was carried oul in the laboratories of the Department of Entomology of ESALQ - USP, State of Sdo Paulo, Brazil, with photoperiod equipmerfl developed there. This research was divided irlto twa phases: tho first under e 10w temperature condition (mean of 23.3 0C) and lhe second in a high temperatura room (mean of 26.40 C). The followinq treatments were studied (photophase: scotophase): 0:24; 6:18; 12:12; 14:10; 18:6 and 24:0. Diatraea saccharalis (F., 1794) (two Iarvae/container) were maintained insid& gtass containers with artificial diet, in a tótal of 100 par treatment. There was an Interaction between photoperiod and temperatura, mainly at lhe lower temperatures. Therefore, iri tha firat phasa of the experiment, it was observed that the shortest larval period occured iii lhe 24 hour photophase treatment; but in the second phase the shortest larval period occured In the 12:12 treatment. In both situations, the light pupae and lhe great percentage of adult malformations were obtained in lhe 24 hour photophase treatment, with lhe 0:24 and 12:12 photoperiodic conditions presenting ttie highest pupae weights. On the other hand, the shortest adult malformation percentage was observed as the 18:6 and 12:12 treatments, in both phases of the research. Index terms: sugarcane borer, bioecology, Pyralidae. INTRODUÇÀO do criado, no Brasil, de forma massal em programas de controle biológico, torna-se necessário co- A broca-da-cana-de-açúcar, Dia traea saccharalis nhecer as suas exigências com reiaço a certos pa( Falir., 1794), é afetada por fatores dc ambiente, râmetros climáticos, para que a quaitidadc e a em condições de campo (Botelho et ai. 1977) qualidade dos insetos, produzidos em laboratório, e em laboratório (King et ai 1975). sejam melhoradas. Assim, por se tratar de um inseto que vem sen-Dentre os fatores que podem afetar o desenvolvimento normal deste inseto, o fotoperíodo as- Aceito para publicaçfo em 13 de abril de 1983, sume grande importância (Katiyar 1960 e Kirst Eng?-Agr?, Ph.D., Dep. de Entomologia, ESALQ/IJSP, 1963, citados por Roe et ai. 1981; Osma.n 1975). Caixa Postal 9, CEP 13400 - Piracicaba, Si'. Sabe-se que o fotoperfodo natural é mais im- Eng?- AgrP. ESALQ/USP. portante em regiões temperadas, onde exerce uma ' Eng Agr?, M.Sc. Centro de Pesquisa Agropecuiria grande influência na diapausa de D. .raccharalis. do Trópico Úmido (CPATU) - EMBRAPA, Caixa Pos- Por Outro lado, o fotoperiodismo artificial, indepen tal 48, CEP 66000 - Belém, PA. dente da região, é de suma importância para cria- Eng?- Agr0, M.Sc., PLANALSUCAR, Caixa Postal 153, CEP 13600- Araras, SP. ções de laboratório. Pesq. agropec. bras,, Brasilia, 18(5):463-472, maio 1983. J.R.P. PARRA et ai. A presente pesquisa tem por objetivo estudar a influência do fotoperlodo na biologia de D. sac- em condições de laboratório, e sua eventual interação com temperaturas variáveis, visando programas de criação massal do inseto. MATERIAL E MÉTODOS •A pesquisa foi desenvolvida nos laboratórios de Biologia do Departamento de Entomologia da ESALQ-USP e Constou de duas etapas, desenvolvidas em salas com temperaturas não controladas: -a primeira, no período de 28.07 a 05.10 de 1981; numa época de temperaturas mais baixas; -a segunda, no período de 10.12.81 a 15.02.82, no qual foram registradas temperaturas mais elevadas. As condições dc temperatura foram registradas em um termógrafo, provido de diagrama de registro semanal, sendo a umidade relativa mantida em 60 ± 10%. Para avaliar o efeito do fotoper iodo no desenvolvimento da broca-da-cana, desenvolveu-se a pesquisa no equipamento desenvolvido por Paira et al. (1977). Foram estudados os seguintes tratamentos: luz : escuro luz : escuro O : 24 14 : 10 6 : 18 18 : 6 12 : 12 24 : O Cada tratamento constou de 50 tubos de vidro de 8,5 cm por 2,3 cm de diâmetro, sendo colocadas duas la gartas em cada tubo. As lagartas recém-eclodidas, prove nientes de meio artificial, foram transferidas para os tu bos de vidro contendo dieta de Hensley & Ilanunond (1968). O preparo da dieta, os cuidados na manipula ção, transferência e assepsia foram feitos segundo Parra (1979). Nas duas etapas, foram analisados, através de observa ções diárias: • duração e viabilidade da fase larval -duração e viabilidade pupal -peso dcpupas(d e 9 ) com 24 h de idade -percentagem de adultos normais e anormais. Como o objetivo do trabalho era avaliar o efeito do fotoperkdo em todo o desenvolvimento biol6gico do inseto, as pupas, logo após a transformação, foram mantidas no interior dos recipientes de vidro até a emergência dos adultos, apenas tomando-se o cuidado de retirar a dieta não consumida, para evitar contaminação por microrganismos. Com 24 horas procedia-se à separação de sexos (Butt & Cantu 1962) e à pesagem em balança de precisão. Após a emergência, foram considerados adultos anormais os que não se desprendiam totalmente do iavólucro pupal e aqueles que não apresentavam as asas totalmente distendidas. Os resultados obtidos, foram submetidos à auilise da Pesq. agropec. bras., Brasília, 18(5):463-472, maio 1983. variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Foi estimada a transformação de 50% da população em pupas ou adultos (T50) nos diferentes tratamentos, após o ajuste dos resultados obtidos às equações logísticas adequadas. RESULTADOS E DISCUSSÂO Desenvolvimento da primeira etapa Os resultados obtidos, com as respectivas anàlises estatísticas, são apresentados nas Tabelas 1 a 4. A freqüência das temperaturas, registrada no decorrer da pesquisa, é apresentada na Fig. 1, Pêde-se observar, nesta primeira fase, em que a temperatura média foi de 23,30C, que o fotoperíodo exerceu marcada influência sobre a fase larval, constatando-se um encurtamento deste período no tratamento com 24 horas de luz; estes números assumem maior relevância quando se verifica que houve uma diminuição de 9,22 e 5,97 dias em relação aos tratamentos com 14 e 12 horas de fotofase, que são as condições normalmente utilizads em laboratórios de criações de insetos (Tabela 1). 1'C FIG. 1. Freqüência de temperaturas da seta de estudo, primeira etapa. EFEITO DO FOTOPERfODO NO CICLO BIOLÓGICO A int1uncia do fotoperfodo sobre a fase pupal não foi tão marcante, pois, embora tenha havido uma diminuição desta fase no tratarftento 24:0, este não diferiu dos fotoperíodos de 12, 14 e 18 horas (Tabela 2). Apesar de se tratar de uma broca-de-colmo, a fase larval de D. saccharalis não respondeu bem à completa escuridão (0: 24), pois tanto a fase larvai como a pupal não foram favorecidas por esta condição (Tabelas 1 e 2), provavelmente devido à luz utilizada (lâmpada fluorescente de 8 watts do tipo luz do dia) ser completamente diferente daquela encontrada peio inseto na natureza. Como não houve grandes diferenças na duração da fase pupal, quando se considerou a duração lagarta-adulto, as diferenças encontradas na fase TABELA 2. Duração e viabilidade da fase larval de D. sac• charalls submetida a diferentes fotoperfodos, primeira etapa. Tratamentos luz :escuro Duração (dias)* Viabilidade (%) 6:18 34,39±6,33ab 74 12:12 32,54±7,28ab 70 14:10 35,79±8,09a 71 18: 6 34,42±6,96a 60 24: O 26,57 ± 3,80 c 79 O :24 30,87 ± ,07 b 76 * As médias seguidas da mesma letra não diferem entre Si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, Larval (Tabela 1) se mantiveram. Desta forma, observou-se uma redução, deste período, nos insetos mantidos com 24 horas de Luz, de 7,06 e 10,39 dias, em relação àqueles com fotofase de 12 e 14 horas, respectivamente (Tabela 3). Apesar de não ter havido diferenças estatísticas no peso de pupas de D. saccharalis nos diversos tratamentos, obteve-se uni menor peso médio no tratamento com 24 horas de Luz (Tabela 2). Apesar do fotoperíodo afetar igualmente machos e fémeas, nos tratamentos com maior número de horas de luz (18:6 e 24:0), as pupas que originaram fé- nicas, pesaram menos (Tabela 2). De forma análoga, embora tenha havido uma alta deformação de adultos em todos os tratamentos, aqueles mantidos com 24 horas de luz foram os que apresentaram a maior percentagem de deformação (Tabela 4). Desenvolvimento da segunda etapa Os resultados obtidos, com as respectivas análises estatísticas, são apresentados nas Tabelas 5 a 8, e a freqüência das temperaturas registrada no decorrer da pesquisa, na Fig. 2. Nesta segunda etapa, na qual a temperatura média foi de 26,40C, verificou-se, mais uma vez, que a maior influência do fotoperfodo foi sobre a fase larval, sendo que nestas condições houve uma diminuição deste período no tratamento com 12 horas de Luz (Tabela 5), ocorrendo, de forma inversa 1 primeira etapa, um alongamento do período larval no tratamento 24:0. A influência sobre a fase pupal, em condições de temperaturas mais elevadas, foi menor, pois não houve diferença de du- TABELA 2. Duração e viabilidade da fase pupal e peso de pupas de D. saccharalis submetidas a diferentes fotoperio dos, primeira etapa. Tratam:ntos Duração (dias)* Viabilidade 6:18 8,81 ±1.90a 68 12:12 8,68 ± 1,34ab 62 14:10 8.75 ± 1.48ab 59 18: 6 8,42 ± 1,93 ab 52 24: O 7,59±1.51 b 58 0:24 9,06±1,65a 54 110,00±24,99 116,54 ± 28,84 111,43 ± 19,87 116,09 ± 30,11 98,00±21.27 113,50±25,60 Peso (mg) 185,00±33,89 172,69 ±51,24 173,33 ±34,52 159,71 ± 37,38 150,00±36,36 179,30 ±34,39 142,43±47,31 150.89 ± 51,63 141.47 ±41,73 142,41 ± 40,58 122,98±39,27 158,41 ±44,22 As médias seguidas da mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. •• Não houve diferença estatística entra os pesca obtidos nos diferentes fotoper(odos. Pesq. agropec. bras., Brasília, 18(5):463-412, maio 1983. J.R.P. PARRA et aL TABELA 3. Duração lagarta - adulto e viabilidade total de D. :occharalfs submetida a diferentes fotoperfodos, primeira etapa. Tratamentos luz :escuro Duração Cdias} Viabilidade (%} 6:18 43,20 50.32 12:12 41,22 43,40 14:10 44,55 41,89 18: 6 42,84 31,20 24: O 34,16 45,82 O :24 39,93 41,04 TABELA 4. Percentagem de deformação de adultos de D. saccharalis submetidos a diferentes fotoperíodos, primeira etapa. Tratamentos Deformação C%) luz : escuro 6:16 21,1 12:12 25,4 14:10 20,4 18: 6 16,4 24: O 28.8 0:24 18,6 TABELA S. Duração e viabilidade da fase larval de D. saccharalissubmetida a diferentes fotoperfo. dos, segunda etapa. Tratamentos Duração (dias) Viabilidade (%) luz : escuro 6:18 26.08±10;86ab 63 12:12 23,90± 7,86a 56 14 :10 27,02 ± 12,52 bc 51 18: 6 28.47±13,00 e 60 24: O 31.64±11,42d 43 0:24 26,86±11,76be 52 • As médias seu idas da mesma letra não diferem entre si, p.t!o teste de Tukey, ao nível de 5%de probabilidade. ração nos vários fotoperíodos estudados (Tabela 6). Em termos médios, pôde-se observar que, embora os maiores pesos de pupas tenham sido registrados com 6 e 12 horas de fotofase, estes valores Pesq. agropec. bras., Brasília, 18(5):463-472, maio 1983. 35 25 15 6 o 24 25 28 29 30 De 26 27 E1G. 2. Freqüência de temperaturas da sala de estudo, segunda etapa. não diferiram quando os insetos foram mantidos até o fotoperfodo de 18 horas. Os menores pesos foram registrados com 24 horas de luz. Os pesos de pupas femeas, que são de grande importância num programa de criação massal, pois as mais pesadas irão ser as mais fecundas, foram maiores nos tratamentos com 12:12, ocorrendo o inverso com 24 horas de luz. Os machos também foram mais sensíveis à luminosidade constante (Tabela 6). A duração lagarta-adulto foi diminuída no tratamento 12:12 (Tabela 7). Nesta segunda etapa da pesquisa, a percentagem de deformação de adultos foi menor, sendo de apenas 5,0 6% no tratamento 12:12 (Tabela 8). Embora o tratamento 6:18 te- nha-se mostrado semelhante ao tratamento 12:12 na duração da fase larval (Tabela 2) e duração de peso da fase pupal (Tabela 6), inclusive com uma viabilidade igual ou superior (Tabelas 5, 6 e 7), a percentagem de deformação de adultos foi bastante alta, ou seja, 2,6 vezes maior do que aquela registrada no tratamento com 12 horas de fotofase. A percentagem de deformação .de adultos com lurninosidade Constante foi 6 vezes maior do que a obtida no fotoperlodo de 12 horas. Considerações gerais Os resultados obtidos sugerem que houve interação fotoperfodo e temperatura. Em termos ge. EFEITO DO FOTOPERÍODO NO CICLO BIOLÕGICO TABELA 6. Duração e viabilidade da fase pupal e peso de pupas de D. saccharalis submetidas a diferentes fotoperíodos, segunda etapa. Peso (mg)*e Tratamentos Duraçao (dias}' Viabilidade 1%) luz escuro 8 9 6:18 7.01 ±3.26 89,36 104,17 ± 60,16 b 160,95±60,36bc 134,16 ± 81,95 b 12.12 7,17 ± 2,74 89,28 93,50 ± 36,04 ab 176,05 ± 62,12 c 134,27 ± 92,43 b 14.10 7,15 ± 3,28 93,50 103,53 ± 50,66 ab 159,79 ±60,56ab 126,92 ±74,44ab 18: 6 7,69 ± 6,28 74,40 95,81 ± 48,44 ab 173,09 ± 53,28 bc 128,00 ± 85,12 ab 24: O 7,00±3,04 71,87 85,33±55,02a 133,82 ± 74,82 c 111,09 ± 81,89 a O : 24 7,38 ± 3,96 83,33 97,43 ± 53,46 ab 145,00 ± 69,88 c 135,97 ± 98.15 b • Não houve diferença estatística entre os valores médios obtidos nos diferentes fotoperíodos. As médias seguidas da mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade TABELA 7. Duração lagarta - adulto e viabilidade total de D. saccharalis submetida a diferentes fotoperíodos, segunda etapa. Tratamentos luz : escuro Duração (dias) Viabilidade (%) 6:18 33,09 55,3 12:12 31,07 52,7 14:10 34,17 48,7 18: 6 36,16 44,7 24: O 38,64 30,7 O : 24 34,24 43,3 rais, como era de se esperar, houve um encurtamento do ciclo biológico na segundi etapa, na qual as temperaturas foram mais elevadas, à exceção do tratamento 24:0, que foi favorecido pelas baixas temperaturas (Tabelas 3 e 7). O comportamento, metabolismo, forma, crescimento, biologia estacional, distribuição geográfica e a própria atividade diária de um inseto são influenciados pelo fotoperfodo (Beck 1968). O estágio sensível ao fotoperfodo pode ser variável de espécie para espécie (Saunders 1981). Na presente pesquisa, o estágio sensível de D. saccharalis foi o de lagarta, pois, praticamente, não houve influncia sobre a duração da fase pupal. Como o estudo foi conduzido da eclosão à emergência do adulto, TABELA 8. Percentagem de deformação de adultos de D. sacchara lis submetidos a diferentes foto. períodos, segunda etapa. Tratamentos Deformação (%) luz escuro 6:18 13,25 12:12 5,06 14:10 16,44 18: 6 17,90 24: O 30,44 O :24 10,70 sugere-se que pesquisas sejam conduzidas por geraçúes sucessivas, pois, segundo Saunders (1981), ciclos fotoperiódicos sucessivos são acumulados durante a fase sensível, podendo-se mencionar o caso extremo de B. mori, no qual a exposição de ovos da raça bivoltina a dias longos assegura que os ovos da próxima geração entrarão em diapausa (Chapman 1971). Por outro lado, Miskimen (1966) encontrou que luz contínua pode suprimir a cópula e interferir no número de ovos de D. saccharalis. Nas temperaturas mais baixas (primeira etapa), houve uma interação maior com fotoperíodo, fato já observado por Osmari (1975) para a broca-da. -cana-de-açúcar. por apenas uma geração, nada pode ser dito com. Portanto, em laboratório em que não for posrelação às características do adulto, como fertili-sível o controle de temperatura, pode-se manter, dade, fecundidade, longevidade. Por este motivo, durante o período mais frio do ano, lagartas de Pesq. agropec. tiras., Brasília, 18(5):463-472, maio 1983. J.R.P. PARRA et ai, D. saccharalis em ambiente com 24 horas de luz, do frio do ano, o fotoperfodo de 12 horas para especialmente em programas de controle bioló-obtenção de adultos (Tabela 2), desde que a viabigico, onde é interessante a obtenção de lagartas, lidade total neste fotoperfodo não esteja muito independente da qualidade do adulto produzido. aquém da condição de completa luminosidade Entretanto, esta condição apresentou um efeito (Tabela 3). deletério a partir da fase larval, o que dá uma in-As equações logísticas apresentadas nas Tabelas dicação de que deva ser utilizado, mesmo no peno-9 e 1Oe nas Fig. 3 e 4 são de suma importância TABELA 9. Equações logísticas'representativas da percentagem de obtenção de pupas x dias de desenvoivunento, para D. saccharalis submetida a diferentes fotoperfodos, com as respectivas T50, primeira etapa. Tratamentos luz :escuro a b Coeficientes r r2 T50 (dias)" 6 18 12 :12 14:10 18: 6 24: O 9,43 6,42 7.47 8,07 11,49 -0,28 .0,20 .0,21 -0,24 0,44 . 0.99 .0,95 .0,97 .0,99 0,99 0.99 0,90 0,95 0,97 0,98 33.68 32,10 35,57 33,63 26,11 0:24 8.40 .0,27 .0,91 0,83 31,11 Equação geral y -,onde: 1 + e8 • bx y • % de obtenção x - duração de desenvolvimento (das) aeb - coeficientes Tempo necessário (dias) para transformação de 50% da população. TABELA 10. Equações logísticas' representativas da percentagem de obtenção de adultos x dias de desenvolvimento, para D. saccharalis submetida i diferentes totoperíodos, com os respectivos T50, primeira etapa. Coeficientes Tratamentos T50 0* luz:escuro 3 a. b r r 6 18 2,42 -0,39 0,81 0,66 6,21 : 12 :12 9,54 -1,17 0.98 0,97 8,t5 14 : 10 7,73 .0,89 0,94 0,88 8,69 18: 6 6,27 -0,75 0,96 0,92 8,36 24: O 7,68 -1,07 0,98 0,96 7,18 O :24 6,64 .0,76 0,94 0,89 8,74 Equação geral y -onde; 1 + e8 + bx y • % de obtenção x - duração de desenvolvimento (dias) e - Coeficientes "Tempo necessário (dias) para transformação de 50% da população. Pesq. agropec. bras.. Brasília, 18(5):463-472, maio 1983. EFEITO DO 1?OTOPERIODO NO CICLO BIOLÓGICO u1 o o a. O 20 40 80 22 32 43 53 82 23 33 43 53 83 TEMPO DE DESENVOLVIMENTO DIA3) 1,0 4 o 0,5 4 o a. CD TEMPO DE DESENVOLVIMENTO (DIASI FIO. 3. Probabilidade de obtenço de pupas de D. sacchara fiz em diferentes fotoperfodo., primeira etapa. •.0 0,0 3 e 1 e i II II 17 II 21 4 1 1 lO *3 1 1 1 O 1 O II li 13 14 75 nu'o o. OUe&IVOI.'SISIPOO 01*51 •/// I» -•, • • 5 lo II II II 3 4 5 O ID ID 5 5 ID 13 a lIMPO DE 0051,*vOt9IMllItO 101*01 FIO. 4. Probabilidade de obtenço de adultos de D. zeccharalis em diferentes fotoperiodos, primeire etapa. Pesq. agxopec 4 bras. Brasfija, 18(5): 463-472, mato 1983. J.R.P. PARRA et ai. em programas de criação massal, para estimar a per-Entretanto, quando as temperaturas forem mais centagem de obtenção de pupas ou adultos. Atra-elevadas, deve-se optar pelo fotoperíodo de 12 hovés do T50 (tempo necessário para transformação ras, para obtenção tanto de pupas como de adultos da população em pupas ou adultos) da fase larval-(Tabelas 5 e 6). Em função do T50 (Tabelas 11 e -pupal, pode-se aquilatar a redução do período lar-12 e Fig. 5 e 6), verifica-se que, neste fotoperfodo, val em foto fase de 24 horas, inclusive com urna é possível obter uma geração a mais do inseto no viabilidade semelhante à dos demais tratamentos decorrer do ano. (Tabela 3). Em função das interações ternperatura-fotope- TABELA 11. Equações logísticas * representativas da percentagem de obtenção de pupas x dias de desenvolvimento para D. :accharalissubmetida a diferentes fotoperíodos, com os respectivos T50, segunda etapa. Tratamentos Coeficientes luz :escuro T50 (dias)' a b r2 6 :18 7,99 . 0,30 -0,94 0,89 26,10 12 : 12 8,52 -0,36 -0,97 0,95 23,16 14 : 10 6,96 -0,25 -0,94 0,89 26,87 18: 6 7,09 -0,25 -0,97 0,95 28,27 24: O 8,35 -0,26 .0.94 0,88 31,16 O :24 6,13 -0,24 -0.90 0,81 26,68 Equação geral y • onde: y • % de obtenção x -duração de desenvolvimento (dias) aeb • coeficientes Tempo necessário (dias) para transformação de 50% da população. TABELA 12. Equações logísticas representativas da percentagem de obtenção de adultos x dias de desenvolvimento para D. saccharalissubmetida a diferentes totoperíodos, com os respectivos T50 , segunda etapa. Coeficientes Tratamentos luz :escuro T50 a a b r r 6 : 18 3,63 0,56 0,83 0,69 6,44 12 : 12 6,30 0,89 0,94 0,89 7,03 14: 10 3,34 0,55 0,86 0,74 6,07 18: 6 2,77 0,36 0,82 0,68 7.54 24: O 4,46 0,68 0,86 0,75 6,37 o : 24 3.46 0,50 0,83 0,69 6,90 • 1 Equação geral y --,onde: bx y • % de obtenção x -duração de desenvolvimento (dias) aeb -coeficientes Tempo necessário (dias) para transformação de 50% da população. Pesq. agropec. bras., Brasília, 18(5):463-472, maio 1983. EFEITO DO FOTOPERÍODO NO CICLO BIOLÓGICO 0:20 20.0 000 21.0 00,0 20.0 000 02040004 0€00100LVI1440TO 10*03) 4:10 14.0 040 20.0 eo ioo o.o 0204000€ 0041100LYI0401TQ 10*02) FIG. 5. Probabilidade de obtenç3o de pupas de D. aecceharal/s em diferentes fotoperÇodos, segunda etapa. 0:24 EIS 12:12 _[ [ 10.0 20.0 *00 200 10.0 20,0 TEMPO DE DESENVOLVIMENTO 1OIASI _ [ 0.0 20,0 10,9 ma 100 0 TEMPO DE DESENVOLVIMENTO IDIASI FIG. 6. Probabilidade de obtençio de adultos de O. eaccherais em diferentes fotoper(odos. segunda etapa. Pesq. agropec. bras., Brasília, 18(5):463-472, maio 1983. J.R.P. PARRA et ai. nodo, pesquisas devem ser conduzidas no sentido de verificar o eventual efeito do fotopeníodo em insetos mantidos em temperaturas constantes. CONCLUSÕES Há interação entre fotoperíodo e temperatura, principalmente nas temperaturas mais baixas. 2. A fase larva.1 é a mais sensfvcl à ação do fotoperíodo. 3. Em temperaturas mais baixas, ocorre um encurtamento do período larval no tratamento com 24 horas de luz. 4. Em temperaturas mais elevadas, ocorre um encurtamento do período larval no fotoperfodo de 12 horas. S. O fotoperfodo de 24 horas, nas duas condições térmicas, dá origem a pupas mais leves e adultos deformados, cru maior percentagem. 6. As menores deformações de adultos são encontradas com 18 e 12 horas de luz, conforme o laboratório apresenta menores ou maiores temperaturas. AGRADECIMENTOS À Financjadora de Estudos e Projetos (FINEP) pelo financiamento da pesquisa. REFERÉNCIAS BECK, S.D. 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