Em tempos de escassez de água ou de excesso de chuvas os termos
“Mudanças Climáticas e Aquecimento Global” voltam a ser destaque na
mídia, uma vez que é comum a associação do atual momento as ações
predatórias do homem sobre o seu hábitat.
Certo é que esses termos por vezes soam como se fossem a mesma coisa,
principalmente para o cidadão comum, mas para os meteorologistas,
climatologistas e outros estudiosos do clima, enquanto o termo
“Aquecimento Global” faz referência ao aumento da temperatura média do
Planeta como consequência principal das ações antropogênicas, o termo
“Mudanças Climáticas” faz referência as mudanças que ocorrem em
determinado local, ao longo de várias décadas, em diferentes elementos
que compõem o clima, sendo os mais estudados a temperatura e as chuvas.
Como consequência das mudanças no conjunto dos elementos que compõem o
clima, eventos tais como incêndios florestais, secas, furacões,
tempestades tropicais, nevascas, enchentes etc., antes observados
esporadicamente passam a ser observados com maior frequência de
ocorrência e intensidade.
Diante da previsão acerca da mudança dos padrões climáticos no futuro,
realizada com base nos atuais modelos climáticos, de acordo com alguns
cientistas é esperado aumento nos desastres naturais, até então pouco
conhecidos na história dos últimos dois séculos.
Numa escala de tempo menor do que as Mudanças Climáticas, eventos
naturais tais como El Niño e La Niña, e a Oscilação Decadal do Pacífico
(ODP) ganham destaque, pois influenciam de modo mais marcante na
variabilidade do clima atual que apresenta como maior efeito colateral
grande instabilidade no comércio internacional, devido a variabilidade
na produção de alimentos e, consequente impactos na economia mundial.
Essa variabilidade climática que é uma característica inerente do clima
pôde ser observada no verão de 2014 que foi o mais quente dos últimos 30
anos, na falta de chuva no início estação chuvosa e no excesso de chuva
no pico da atual estação chuvosa em algumas regiões no Brasil; fortes
nevascas no Leste e Centro Oeste norte-americano e temperaturas acima da
média na Costa Oeste dos Estados Unidos.
Muitos dos efeitos atribuídos às Mudanças Climáticas estão efetivamente
associados as mudanças aceleradas no uso e cobertura da Terra e a
própria variabilidade climática que de acordo com o Dr. Thomas Wilbanks,
da Divisão de Ciências Ambientais do Oak Ridge National Laboratory,
seria, na atualidade, melhor descrita como "Weirding Global", ou seja,
Bizarrice Global.
Como consequência dos efeitos do que estão acontecendo com o clima da
Terra foi publicado recentemente o "Climatic Risk and Distribution Atlas
of European Bumblebees” que apresenta uma discussão sobre o declínio na
população das abelhas em uma região da Europa, declínio esse que é
atribuído e um “coquetel” de estressores ambientais decorrentes das
Mudanças Climáticas.
As condições ambientais do hábitat das abelhas, capitaneadas pelo clima
atual, ainda ameaçam o futuro de toda a população desses insetos
polinizadores. O atlas, publicado como uma edição especial do jornal
BioRisk, que permite acesso aberto ao público
(http://phys.org/news/2015-02-decline-pollinators-europe.html) apresenta
a possibilidade da ocorrência de um “Apocalipse da Abelhas” no futuro.
Todavia, os pesquisadores acreditam que soluções baseadas na natureza
ainda são possíveis, levando-se em consideração, certamente, as
condições atuais e futuras do clima no continente europeu.
Outros eventos atuais são também atribuídos às Mudanças Climáticas, um
exemplo disso foram as declarações feitas pelo Dr. Deepak Sawant, em
Nagpur na Índia, que ao ser questionado sobre uma possível epidemia de
gripe suína na região afirmou: “o Aquecimento Global e as Mudança
Climáticas estão causando o aumento do número de casos de gripe suína”.
Ele acrescentou que a disseminação da doença foi antecipada já que as
ocorrências são normalmente registradas em Maio ou Junho, mas que em
2015, devido ao inverno prolongado do Hemisfério Norte e as Mudanças
Climáticas, os casos de gripe suína têm aumentando quando comparado aos
anos anteriores.
Questões conceituais, necessárias às ciências e tecnologias para
identificar formalmente seu objeto de estudo a partir da percepção dos
fatos reais, associadas ao emprego dos termos “Mudanças Climáticas” –
que ocorrem ao longo dos séculos ou milênios, e “Variabilidade
Climática” – que pode ocorrer desde uma escala de tempo anual, até uma
de ciclo mais longo (como a ODP que pode levar em média de 20 a 30
anos), são de fato aspectos que podem contribuir para que um evento
assuma a responsabilidade de outro, e até mesmo a terminologia empregada
para descrever um ou outro evento da natureza se torne um termo
“tendência” utilizado de forma indiscriminada para publicidade e
promoção de toda e qualquer natureza criando uma nuvem de confusão sobre
os termos científicos, desapropriando o seu real sentido, embaralhando
os conceitos até que se perca o real sentido deste.
Indiferente ao emprego dos termos, as secas, nevascas e desastres
naturais continuam a acontecer cobrando do Homem, membro da comunidade
biótica do Planeta, mudanças na relação Homem-Planeta, quebrando o
paradigma do progresso, que constitui o pilar fundamental sobre o qual
estão assentados os principais valores da sociedade que hoje escreve a
história do futuro da humanidade sobre o Planeta Terra. Viva Gaia!
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